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sexta-feira, 5 de maio de 2006

E Agora?


Quando se olha para esta geração de jovens é frequente ouvirmos a ideia de que hoje têm tudo mais facilitado do que anteriores gerações. Mas será isso mesmo uma realidade?

De facto, na minha opinião, assistimos realmente a uma evolução, porém esta evolução não tem apenas aspectos positivos e não sei mesmo se terá maioritariamente aspectos positivos. Por um lado é verdade que os jovens contam hoje com mais ajuda dos pais do que anteriores gerações, saem de casa e constituem família cada vez mais tarde, têm acesso muito mais generalizado às vias de ensino, o que lhes permite sair mais qualificados, e mesmo monetariamente, em média, os jovens têm menos privações.

Mas se é verdade que existe, de forma geral uma melhoria, também é verdade que o mundo mudou bastante nos últimos anos e que os jovens também saem prejudicados desta relação. A sociedade cria necessidades. Há algum tempo a Internet nas escolas era um luxo, hoje qualquer aluno se sentiria perdido sem esta ferramenta, não ter um telemóvel é hoje impensável, ter TV por cabo é rotineiro. Tudo isto faz com que se apele cada vez mais para o consumismo, dirão os mais pessimistas. Não será totalmente falso, mas isto também pode mostrar o que de melhor pode ter a sociedade de informação.

Tudo isto é o reflexo de um mundo hoje muito mais imediatista, que eventualmente trará algum individualismo, mas é também o mundo global, em que se goste ou não vivemos.

Os resultados deste imediatismo são os objectivos que se colocam hoje à juventude. Um jovem começa com a pressão de ter de acabar o ensino secundário com uma boa média para entrar no ensino superior; uma vez passado este obstáculo o pensamento é: e agora tenho de acabar o curso, de preferência com uma boa média; e agora arranjar um estágio; e agora os primeiros contratos; e agora o primeiro emprego; e agora ter uma casa, etc. Parecem obstáculos quase intransponíveis e chegar ao último nível é deveras complicado.

Em grande medida estes são problemas resultantes de uma formação e de uma cultura que não prepara realmente os jovens para a vida. Nas escolas não há incentivos ao empreendorismo, não se aproveitam as vocações naturais dos alunos para actividades mais profissionalizantes, desportivas ou artísticas. O estigma da igualdade leva-nos a sairmos todos com as mesmas qualificações, o que dá origem a que numas áreas haja excesso de mão de obra e escassez noutras.

Neste mundo, quem não souber adaptar-se morre, mas nem sempre as oportunidades são as mesmas à partida. A defesa por vezes idealista de alguns valores como a estabilidade no emprego, que há quem queira que seja para toda a vida e o combate aos despedimentos faz com que se beneficie quem já tem um emprego garantido, mas por outro lado torna bastante difícil a quem ainda não garantiu ou estabilizou a sua vida ter acesso a um emprego. Digamos que por vezes, de tanto querer defender os trabalhadores acaba-se por prejudicar os que ainda não trabalham, isto para não falar no Estado, que devido à sustentabilidade da segurança social obriga os trabalhadores a permanecer cada vez mais anos no seu posto de trabalho. Ocupando, assim uma vaga que podia ser preenchida por um jovem.

Infelizmente, também a Amadora não é excepção a este panorama difícil para os jovens. Talvez não haja a sensibilidade, para estas questões, o que é natural em quem já se debate com outros problemas que não estes, por isso continuo a pensar que é essencial que os jovens da Amadora sejam ouvidos. Não o proponho como uma medida demagógica que vai resolver todos os problemas, mas como um projecto construtivo que pode ajudar a identificar problemas e pensar soluções.

Por exemplo, porque é que não existe na Câmara Municipal um gabinete de apoio aos jovens empresários. Um apoio que pode não passar necessariamente por financiamento, mas por ajudas tão simples de como constituir legalmente uma empresa? Que programas de apoio é que podem ser utilizados? Como ter uma contabilidade organizada? Se em vez de pagarmos subsídios de desemprego espevitássemos mais jovens a abrir a sua própria empresa e a arriscar, teríamos talvez menos estado social, mas teríamos talvez mais auto-estima.

No fundo, o mais importante é saber ouvir. É por isto a Juventude Popular propõe o Conselho Municipal de Juventude! Pelo contributo que pode ser dado. Por isto não compreendemos a oposição do Presidente da Câmara, não que não concorde com a ideia, mas mais do que isso, talvez não lhe agrade a origem da mesma.
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Tiago Antão
Artigo publicado no Notícias da Amadora
04-05-2006

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