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Com outra ambição, a Amadora pode ser diferente. Pode ser um local aprazível e seguro para viver, mas também um município dinâmico e inovador, capaz de atrair investimento e gerar empregos qualificados. Mãos à obra, porque a Amadora merece uma nova esperança, um novo rumo, um futuro melhor!



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Sorefame: o compromisso


Correu há dias a notícia de que a Bombardier havia concluído as negociações para venda de metade das instalações da antiga Sorefame à Refer. De acordo com os objectivos traçados pelo Governo, ali deverá ser instalado um centro de excelência tecnológica, dedicado à reparação de componentes e à manutenção de material circulante. Soube-se ainda, como informação acessória, que a restante área do complexo fabril seria colocada à venda, uma vez que a intenção da Bombardier é transferir as suas instalações para outro local.

Embora o comunicado profusamente difundido pela comunicação social passasse ao lado do essencial, não será necessário um esforço intelectual particularmente intenso para extrair do seu conteúdo duas conclusões da maior relevância para o futuro da nossa cidade:

1. Apesar do toque de modernidade que a expressão “centro de excelência tecnológica” confere à intenção do Governo, a verdade é que a ideia parece ser, tão simplesmente, a de concentrar na Amadora algumas oficinas de manutenção actualmente dispersas pela zona de Lisboa. A concretizar-se tal intenção, a Amadora terá definitivamente perdido a única unidade de produção de material circulante do país, um verdadeiro pólo industrial de referência, que era parte essencial do património da cidade, recebendo em troca uma simples oficina de reparação de comboios.

2. Por outro lado, a coberto do generoso contributo da Bombardier para a criação do tal “centro de excelência tecnológica”, pretende aparentemente aquela empresa entregar à especulação imobiliária mais de metade dos vastíssimos e muito valiosos terrenos ocupados pelas instalações da Sorefame.

Quanto à troca de uma unidade industrial de referência por uma mais ou menos miserável oficina de comboios, o caminho dificilmente terá retorno e, ainda que o tenha, pouco poderão os autarcas da Amadora fazer para o contrariar.

Já no que diz respeito à intenção, desde cedo revelada, de lotear os terrenos remanescentes, densificando um pouco mais a betonagem do concelho e rentabilizando assim, de forma totalmente ilegítima, a deslocalização selvagem decidida pela Bombardier, a decisão está felizmente nas mãos dos autarcas da nossa cidade.

E a fazer fé nas declarações públicas e solenes de todas as forças políticas representadas nos órgãos autárquicos, em caso algum será sequer equacionada uma alteração do Plano Director Municipal (PDM) que permitisse a construção de mais uns milhares de apartamentos numa área onde está absolutamente vedada a edificação de habitação.

A firmeza sempre demonstrada pelo Presidente da Câmara Municipal da Amadora na defesa deste princípio leva-nos a acreditar que o Partido Socialista não utilizará a sua maioria nos órgãos autárquicos para consumar um tal atentado contra a cidade, ainda que um qualquer grupo de pressão, económico ou político, se atreva enviar instruções em sentido contrário.

Estamos portanto a salvo do perigo da repetição do triste episódio da Cometna, unidade industrial que o executivo camarário, então liderado pelo Partido Comunista, aceitou converter numa urbanização indigna, dando ao mercado o pior dos sinais e desferindo uma irreparável machadada no “aparelho produtivo do concelho”, expressão tão presente na discursata habitual dos dirigentes comunistas, mas frequentemente tão longe da sua prática política.

Mas, no caso da Sorefame, o compromisso que a Câmara Municipal e todos os autarcas devem assumir perante a cidade tem de ir muito além da manutenção do uso do solo para fins industriais ou de serviços. Defenderemos, intransigentemente, a adopção de uma política pró-activa de exigência máxima no que diz respeito aos investimentos a atrair e às opções urbanísticas a implementar, recusando a instalação de novas superfícies comerciais, defendendo a captação de empresas que apostem na inovação e na tecnologia, exigindo a criação de emprego estável e qualificado. Este é o compromisso que os autarcas eleitos pelo CDS-PP assumem desde já.

Vivemos um tempo em que tudo parece ser normal e aceitável. Um tempo em que metade do mundo se inflama, matando, ferindo e incendiando, alegadamente, em resposta à publicação duns desenhos num obscuro jornal dinamarquês. Um tempo em que a barbárie terrorista e a selvajaria medieval tentam minar e destruir os valores essenciais da civilização ocidental, perante o silêncio cúmplice ou a colaboração activa de alguns líderes europeus, com Portugal vergonhosamente à cabeça. Um tempo em que a maioria autocrática da Assembleia Legislativa da Madeira, sob orientação do hediondo Marajá do Funchal, tenta internar num hospício todo e qualquer opositor político que se atravesse no seu caminho, perante a escandalosa passividade dos órgãos de soberania de Portugal.

Este é também o tempo em que se continuam a destruir empresas com o objectivo de entregar os terrenos à especulação imobiliária, construindo-se biliões de casas que ninguém irá algum dia habitar.

É neste contexto que ganha especial relevância a afirmação dos valores humanistas da democracia-cristã, e, muito em particular, a promoção de uma gestão autárquica eficiente, equilibrada e transparente.


João Castanheira
Artigo publicado no Notícias da Amadora
23-02-2006

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