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Com outra ambição, a Amadora pode ser diferente. Pode ser um local aprazível e seguro para viver, mas também um município dinâmico e inovador, capaz de atrair investimento e gerar empregos qualificados. Mãos à obra, porque a Amadora merece uma nova esperança, um novo rumo, um futuro melhor!



quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Alta Tensão


Ao longo dos últimos anos, têm vindo a ser progressivamente enterradas as linhas de alta tensão (60 kV) que atravessavam o concelho da Amadora, particularmente aquelas que cruzavam os céus do extremo norte da cidade, na envolvente da subestação do Alto da Mira. O enterramento das linhas de alta tensão, que resultou de um protocolo assinado entre a Rede Eléctrica Nacional (REN) e a Câmara Municipal da Amadora (C.M.A.), veio atenuar a preocupação de todos quantos têm a noção do impacto destas estruturas sobre o ambiente, o património e, especialmente, sobre a saúde e a qualidade de vida dos cidadãos que vivem ou trabalham nas imediações de uma linha.

Mais do que o forte impacto visual dos cabos e respectivos postes, mais do que a dramática desvalorização do património edificado situado em seu redor, mais do que a incontestável interferência nos ecossistemas e os danos provocados às aves, aquilo que sucessivos estudos científicos vêm revelando é uma preocupante relação entre a proximidade aos cabos e a prevalência de diversas doenças, entre as quais alguns tipos de cancro.

A sensibilidade do tema aconselha a que o mesmo seja tratado de forma responsável por todos os intervenientes, deixando de lado qualquer tipo de alarmismo ou aproveitamento político. Porém, tal não poderá ser sinónimo de que nos mantenhamos em silêncio, muito em particular aqueles de nós que têm responsabilidades políticas ou autárquicas. É certo que os reais efeitos dos campos electromagnéticos gerados pelas linhas de alta tensão não são ainda integralmente conhecidos, mas essa é apenas mais uma razão para que os investimentos neste sector sejam realizados numa lógica de prudência e precaução. Este é, seguramente, um domínio em que vale mais prevenir do que tentar remediar.

A construção e a manutenção de linhas de alta tensão é imprescindível à vida moderna, especialmente num tempo em que os consumos de electricidade crescem a um ritmo verdadeiramente galopante, fruto das cada vez maiores exigências de conforto e, sobretudo, do crescente desperdício de energia que é necessário enfrentar e corrigir. Sem uma adequada planificação da rede, o sistema eléctrico entraria a prazo em colapso, privando de electricidade habitações, empresas, hospitais e escolas, enfim, paralisando o país. Mas é também verdade que quando se projectam e constroem linhas de alta ou muito alta tensão em áreas fortemente urbanizadas, há que ter em conta os valores ambientais, patrimoniais e a saúde e o bem-estar das populações. Essa deverá ser sempre a prioridade, ainda que por vezes fazê-lo custe mais algum dinheiro.

Feita esta nota de enquadramento, debrucemo-nos agora sobre a situação actual do município da Amadora. É sabido que se situa nos Moinhos da Funcheira um dos principais equipamentos da rede eléctrica nacional – a subestação do Alto da Mira – equipamento cuja importância é vital para o abastecimento eléctrico da Área Metropolitana de Lisboa. Esta infra-estrutura, que até há algum tempo incluía também uma central termoeléctrica recentemente desmantelada, foi construída em 1963, numa altura em que o extremo norte do município era praticamente desabitado.

Entretanto, durante as últimas quatro décadas a paisagem daquela zona do concelho sofreu uma transformação radical. Floresceram as construções em redor da central, de génese ilegal numa fase inicial, grandes loteamentos licenciados pela Câmara Municipal da Amadora nos anos mais recentes. Em menos de meio século, uma zona rural onde as únicas construções eram os moinhos de vento, dos quais quase só resta a memória, foi totalmente engolida pela cidade, sendo hoje parte integrante do tecido urbano consolidado.

Em 2006, a realidade da Amadora é portanto diametralmente oposta daquela que existia em 1963. Daí que faça todo o sentido o processo de enterramento dos cabos de 60 kV. Um processo que foi recentemente concluído, o que naturalmente se saúda.

Porém, facto é que as diversas linhas de muito alta tensão (220 kV e 400 kV) que se encaminham para a subestação do Alto da Mira não foram ainda enterradas, continuando a passar sobre o telhado ou junto às janelas de inúmeros edifícios em vários bairros do concelho. A situação é particularmente dramática no Alto dos Moinhos, onde os moradores vivem permanentemente sob o assobio assustador da corrente eléctrica, com os cabos a passar a poucos metros das telhas e com postes de alta tensão plantados em pleno quintal.

Junto a A-da-Beja, no inqualificável loteamento do Moinho do Guizo, a Câmara Municipal da Amadora licenciou a construção de grandes prédios de habitação debaixo de linhas de muito alta tensão. Não foi ao lado nem perto, foi exactamente debaixo de uma linha de 220.000 Volts. No loteamento do Alto da Mira, uma das principais avenidas é sobrevoada por cabos de muito alto tensão. Enfim, os exemplos sucedem-se e são demonstrativos de que há ainda muito por fazer neste domínio.

Ao que parece, a REN não tem projectos para o enterramento destas linhas. Na verdade, prepara-se até para reforçar o fornecimento de electricidade em muito alta tensão à subestação do Alto da Mira e construir uma nova linha para ligação à subestação de Trajouce. Serão mais uns quilómetros de linha aérea situada nas proximidades de centenas de habitações. Dezenas de postes com uma altura que varia entre os trinta e os setenta e cinco metros, espalhados pelos concelhos da Amadora, Sintra e Cascais.

Ora, por maioria de razão, os argumentos que levaram ao enterramento das linhas de 60 kV terão, necessariamente, que conduzir ao enterramento das linhas de 220 kV e 400 kV, ou pelo menos do troço final situado em área urbana.

Esta é uma luta que faz sentido e na qual o CDS-PP se empenhará.


João Castanheira
Artigo publicado no Notícias da Amadora

21-09-2006

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