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Com outra ambição, a Amadora pode ser diferente. Pode ser um local aprazível e seguro para viver, mas também um município dinâmico e inovador, capaz de atrair investimento e gerar empregos qualificados. Mãos à obra, porque a Amadora merece uma nova esperança, um novo rumo, um futuro melhor!



domingo, 4 de maio de 2008

"Chapelada": PS da Amadora recruta militantes à força nos bairros sociais


Se chapéus há muitos, chapeladas nem se fala. O PS da Amadora, que foi a votos em Março, é um “case study”.

Residente há 40 anos no Casal da Mira, Amadora, José Gomes Oliveira admite ter-se filiado recentemente no PS, mas sem que tivesse de tratar de nada: “Não paguei as quotas. Sei que é lá um esquema deles para ganhar a concelhia. Prometeram-me que iam melhorar as condições aqui no bairro. Não há segurança nenhuma. Mas é o que se vê. São todos iguais”.

Tal como José, Alcinda e Pedro Lopes Fernandes são militantes do PS desde Setembro de 2007. Mas até há pouco tempo não sabiam de nada: “Nunca me tornei militante de partido nenhum. Recebemos umas cartas há três ou quatro semanas. E acho que recebemos também para aí uns cartões”, diz Alcinda ao Expresso, mostrando as cartas de que fala e onde constam as vinhetas comprovativas de seis meses de quotas que ela e o marido nunca pagaram.

No Casal da Boba, o bairro de Alcinda e Pedro, vivem também os irmãos Luciana, Vera e José Maria Bessa Pina. Com eles passou-se o mesmo: “Começámos a receber umas cartas do PS há um mês e pouco. Ficámos surpreendidos, não sabíamos porquê. Nunca pedimos nada a ninguém nem votámos em nada”, conta Vera, exibindo o seu cartão de militante do PS.

Estas pessoas integram a lista das mais recentes adesões ao partido na secção da Amadora – a maior do país, com mais de 1000 inscritos. Foram 110 os nomes que deram entrada nos ficheiros: 98 na mesma data, 3 de Setembro de 2007 – apenas quatro dias antes do limite para que a 7 de Março, data das últimas eleições para a Concelhia, tivessem os seis meses de militância exigidos pelos Estatutos – e merecendo um protesto em acta de um dos membros da Mesa.

A leitura atenta dos cadernos eleitorais (a que o Expresso teve acesso) revela outras perplexidades. Há casos em que o mesmo nome aparece em duas moradas diferentes. Há outros em que a mesma morada serve dois nomes praticamente iguais – há uma “Anabela” e uma “Ana Bela” e com uma semana de diferença na idade; contactada telefonicamente, Anabela confirmou ser militante do PS, por vontade própria, mas garantiu que ninguém com nome idêntico ao seu reside em sua casa.

A “operação” de recrutamento de novos militantes foi bem sucedida em ruas inteiras, prédios em peso. E sobretudo entre a população negra, residente nas zonas mais carenciadas do concelho: metade dos novos inscritos reside nos bairros sociais do Casal da Boba (31) e do Casal da Mira (19); 10 outros foram “pescados” no bairro da Quinta da Lage, onde decorre um processo de realojamento.

Dos novos filiados que residem no Casal da Boba, a maioria é cabo-verdiana, como Alcinda e Pedro, e membro da Associação Unidos por Cabo Verde. A presidente à data da inscrição, Maria João Marques, também consta da lista de novos militantes. A mesma morada que é indicada como residência de Maria João é referida como a de três outros novos militantes, um deles, pelo nome, oriundo de um país de leste.

Nem todos estes novos militantes terão votado nas eleições para a concelhia, apesar de um membro da Mesa contactado pelo Expresso, que solicitou o anonimato, ter notado uma anormal presença de cidadãos de raça negra (“até aqui só havia dois ou três”) a exercerem o seu direito de voto. A mesma fonte estranhou a inédita presença na sala, ao longo de toda a noite, do presidente da Assembleia Geral da Secção da Amadora, Joaquim Raposo.
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Contactada pelo Expresso, Carla Tavares repudia as insinuações de instrumentalização dos cadernos eleitorais em seu benefício. A também vereadora com o pelouro da habitação social e do realojamento não estranha que os novos militantes sejam na sua maioria oriundos de bairros abrangidos pela sua tutela.

Para o seu adversário, Guilherme Guimarães, existiram de facto “problemas graves, a nível político ou mesmo criminal, no processo eleitoral de 7 de Março”.

Notícia jornal EXPRESSO
03-05-2008

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