Há uns dias, o Ministério da Justiça mandou retirar as caixas multibanco do interior dos tribunais, assumindo-se incapaz de garantir a segurança daquelas instalações.
Num momento em que os portugueses assistem, incrédulos, ao aumento da criminalidade violenta – que ameaça coarctar a liberdade dos cidadãos – o Governo opta por transmitir ao país a mais errada das mensagens: por estes dias, já nem o interior de um órgão de soberania é seguro.
Não tarda a que abandonemos também as esquadras e os quartéis, os ministérios e todos os outros locais que deveriam ser símbolos da afirmação de um Estado de direito, livre e democrático.
De imediato veio a terreiro o Professor Vital Moreira, consciência acrítica do Governo socialista, defendendo que “enquanto não se eliminar a vulnerabilidade das caixas de multibanco, deveria ser ordenada a sua retirada de todos os lugares inseguros, pelo menos durante a noite”. Por lugar inseguro entenda-se o tribunal.
Não ocorre, seguramente, ao senhor professor constitucionalista que o problema não é a vulnerabilidade das caixas multibanco, mas sim a vulnerabilidade dos tribunais, que são diariamente assaltados, perante a complacência irresponsável do poder político. Talvez o senhor professor constitucionalista recomende aos Juízes que levem para casa os processos, para que a papelada não fique depositada num lugar inseguro como é o tribunal.
Sugere ainda o professor Vital Moreira que as caixas multibanco sejam recolhidas durante a noite em lugar seguro, seja lá onde isso for. Já estou a imaginar caixas multibanco circulando para cima e para baixo, monta de manhã, desmonta à noite, como se fossem carrinhos de castanhas.
Este é o raciocínio habitual da nossa esquerda bem pensante. Uma esquerda militantemente desistente.
Desiste de garantir a segurança dos tribunais, preferindo esconder os multibancos. Desiste de travar a entrada de droga nas cadeias, preferindo distribuir seringas aos prisioneiros. Desiste de tratar os toxicodependentes, preferindo convidá-los a drogarem-se em salas de chuto. Desiste de defender as vítimas de crimes, preferindo desculpabilizar os criminosos. Desiste de lutar pela vida, preferindo financiar o aborto. Desiste de controlar a despesa pública, preferindo aumentar os impostos. Desiste de ensinar os estudantes, preferindo abolir administrativamente os chumbos.
Com esta gente iremos de desistência em desistência até ao desastre final.
João Castanheira
Presidente do CDS-PP Amadora
Artigo publicado no Jornal Povo de Portugal
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